
(in, tese 12 aprovada na IV Convenção Nacional do BE)
Desde uma perspectiva socialista, a intervenção organizada com propostas próprias em todos os sectores do movimento operário é condição necessária para a construção de uma alternativa socialista.
As privatizações dos grandes grupos económicos e financeiros, a generalização da precarização do emprego, a alteração das leis laborais impondo um regime crescente de perda de direitos para o trabalhador, têm criado um clima de autoritarismo empresarial o qual fomenta, entre os trabalhadores, a quebra de qualquer capacidade de resposta colectiva acentuando um individualismo que acaba por ser um precioso aliado das intenções mais retrógradas de grande parte do patronato português.
A intervenção organizada das principais correntes da esquerda portuguesa junto do movimento dos trabalhadores tem vindo a diminuir, acompanhando também a quebra de sindicalização entre os trabalhadores de qualquer sector da economia portuguesa.
É também visível que a intervenção organizada junto dos trabalhadores está mais presente no sector público e quase passa despercebida no sector privado. E aqui reside um dos principais desafios: como intervir em TODO o mundo do trabalho, como intervir e organizar os trabalhadores, sejam eles do sector público, sejam eles do sector privado?
O Bloco de Esquerda deve reflectir sobre o modo como deve intervir enquanto partido-movimento da esquerda socialista, mas deve também propor o debate a outras correntes das esquerdas (socialistas, comunistas, anarco-sindicalistas, ...) e também, individualmente, a trabalhadores de correntes à direita que incorporam criticas pontuais ao neo-liberalismo, sobre que tipo de organização deve ser definida/criada capaz de enfrentar as novas realidades da economia e das empresas portuguesas. Esse debate poderia ser também enquadrado nas Conferências da Nova Esquerda que a Moção D à V Convenção Nacional tem vindo a propor.
Nas empresas, nos sindicatos, por sector de actividade ou até por grupos de trabalhadores (que voluntáriamente se queiram organizar para intervir), o Bloco de Esquerda tem de passar de acções esporádicas e reactivas a intervenções mais preventivas e incisivas. A organização de núcleos para a intervenção laboral tem de ser incentivada de uma forma simples, não burocrática e mesmo aberta a não-aderentes do BE que aceitem intervir connosco.
Um outro tipo de intervenção que deve ser equacionado como forma de se contornar o actual clima de domínio pelo medo que vigora em muitas empresas, é a constituição de redes de trabalhadores a partir da internet e até da ligação por SMS. As novas formas de comunicação podem ter um efeito importante na redescoberta da força das respostas colectivas dos trabalhadores às prepotências patronais e governamentais.
A intervenção nas empresas, nos sindicatos, por sector de actividade e as (chamemos para já) "ad-hoc" deveria ter acção coordenada (de uma forma democrática, simples e não-autoritária) em Encontros Nacionais do Trabalho a realizar com periodicidade a definir.
As intervenções dos bloquistas não devem visar quaisquer formas de controlo ou de manipulação das lutas ou dos trabalhadores, mas de acompanhamento e incentivo com propostas claras e credíveis, a partir da audição dos intervenientes e do estudo cuidado de cada caso.
No Bloco de Esquerda deveremos dar maior atenção aos novos problemas que trouxeram novas questões à velha questão da exploração capitalista. Referimo-nos aos trabalhadores em situação de desemprego, aos precários, aos recibos verdes, à chamada "geração dos 500 Euros", mas também aos horários de trabalho diferenciados, às deslocalizações, etc.
A degradação da vida e dos direitos dos trabalhadores exige uma resposta activa e com imaginação por parte de um Bloco de Esquerda empenhado na criação e afirmação de uma alternativa socialista!
João Pedro Freire e Ferreira dos Santos
(*) versão melhorada com o contributo do Ferreira dos Santos
2 comentários:
MAIS NOVIDADES SOBRE OS ACESSORES DA CML
Há dias saiu uma notícia no correio da manhã
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=242853&idselect=90&idCanal=90&p=200
segundo a qual, o Bloco, através do seu vereador sem pelouro Sá Fernandes possuía 11 acessores (onze: tipo equipa de futebol) a ganhar vencimentos muito acima do que auferem, seguramente, 90% dos trabalhadores da Função Pública: de 1530 € para acessor em part-time até 2000 e mesmo 2500 € mensais para os acessores a full time!
Confrontada com a necessidade de ser uma oposição forte ao PSD na CML, a direcção do bloco poderia ter mobilizado militantes, vontades e energias (há tantos camaradas eleitos na autarquia ou que nela trabalham...), mas preferiu profissionalizar - e de que maneira! COM QUE PRIVILÉGIOS! - o trabalho autárquico.
Tratou-se de uma escolha política, tal como é uma escolha política minha denunciar uma situação que considero totalmente afrontosa às melhores tradições da esquerda socialista e não conformista em Portugal, bem como escandalosa perante os ataques aos trabalhadores da função pública e todo o rol de dificuldades que o nosso povo atravessa. E não julguem que os 11.000 trabalhadores da CML(que não são acessores) não estão a par destes regabofes!
Nisto nada há de pessoal, mas sim, há tudo de político!
Pois bem, agora o expresso traz nova notícia sobre os acessores da maioria PSD/CDS na CML
http://expresso.clix.pt/Actualidade/Interior.aspx?content_id=393687
Nessa extensa lista "que só pode pecar por defeito, já que não inclui eventuais assessores contratados através de serviços sob a tutela dos vereadores" podemos verificar quantos e quanto custavam os bonecos que davam apoio aos vereadores da direita (poderiam ser mais, mas não temos forma de saber e estes eram os oficialmente considerados).
Em termos de comparação, relembre-se que José Sá Fernandes tinha 11 acessores.
Maria josé Nogueira Pinto (vereadora com pelouro) tinha... 7!
Marina Ferreira e Amaral Lopes (ambos PSD e com pelouros) tinham respectivamente 9 e 11.
Sérgio Lipari (também PSD e também com pelouro) tinha 20! Mas apenas 5 foram contratados fora do quadro da cml, os outros eram quadros do PSD e da CML deslocados para a sua acessoria: não acrescentavam custos a uma autarquia falida.
Os custos com os acessores bloquistas ascendiam a cerca de 250.000 € anuais (e todos nós sabemos que os trabalhadores é que pagam os impostos todos até ao fim...)
Marina Ferreira tinha acessores que custavam à volta de 260.000 €
Sérgio Lipari tinha acessores a custar cerca de 200.000 €
Mas o que é realmente humilhante
é pensar que os bonecos da Zézinha representante do Partido Popular custavam à CML 152.000 €, ou seja: menos 100.000 € anuais do que gabinete do vereador sem pelouro Sá Fernandes.
Em face disto, a direcção que é tão useira em citações para aqui e para acolá não diz nada: é a direcção que temos
Nestes blogs temos a vantagem de falar entre nós, mas faço votos para que, durante a campanha que se avizinha, não venham a deitar esta história dos 11 (parece um equipa de futebol) acessores do nosso vereador à cara do sá Fernandes - é uma história que só nos fragiliza
Quero aqui deixar uma palavra de louvor à Comissão Organizadora da Convenção que, num gesto de grande tolerância democrática, concedeu à "esquerda comunista", tendência que representa 0,002% do Bloco de Esquerda, o mesmo tratamento na divulgação de materiais políticos na Convenção que deu às demais tendências organizadas no nosso partido e que possuem um peso indubitavelemente superior.
Que esta andorinha pressagie uma nova Primavera de tolerância e liberdade no Bloco de Esquerda.
O meu bem haja
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