segunda-feira, 28 de maio de 2007

LISTA VERDE ? ... a opção do BE para Lisboa!... (*)

"Uma lista verde" foi como José Sá Fernandes caracterizou a lista do movimento "Lisboa é gente", que encabeça e que foi hoje entregue. Salientou ainda a presença de nomes como a arquitecta paisagista Manuela Raposo de Magalhães, que apoia a criação de um Plano Verde para a cidade, imaginado pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles.

A notícia não é reproduzida de um orgão de comunicação social. É retirada do esquerda.net, um orgão do Bloco de Esquerda ... ou melhor, um orgão que representa o Bloco mas que é produzido pela direcção bloquista.

Algumas questões:
  • Os principais problemas de Lisboa requerem uma "solução verde" ?
  • Uma solução socialista para Lisboa não tem como parte integrante e inseparável uma solução eco-socialista?
  • Quando é que os aderentes e militantes do Bloco, em Lisboa, discutiram o tal "Plano Verde" imaginado por Ribeiro Teles?
  • Em que parte do empenho autarquico de Sá Fernandes é que entra o contributo de esquerda e socialista do Bloco de Esquerda para a resolução dos problemas da cidade? Ou será que a direcção do Bloco, considera que isso de socialismo "não é para já" ou não cabe no ambito de um movimento como o "Lisboa é gente"?
  • Quando é que veremos José Sá Fernandes a defender a contribuição socialista que recebe do Bloco, com a mesma convicção que defende as respostas "verdes" ?

Não defendemos a reedição de fórmulas que a História já arquivou ou mandou às urtigas ... Mas não defendemos, nem queremos, que o Bloco integre outras fórmulas (que também já mostraram que servem mais para engavetar o socialismo, do que para qualquer outra situação ...) onde sai politica e ideológicamente descaracterizado, onde o seu programa é ignorado no vendaval de exibicionismos de personalidades que estão à margem de qualquer tímida aragem de esquerda!

O que é preciso, isso sim, é que as decisões que comprometem TODO o Bloco de Esquerda, não sejam sistemáticamente tomadas por MEIA DÚZIA ...

(*) João Pedro Freire



4 comentários:

Ricardo S. Coelho disse...

Não sou da direcção nem nunca fui mas mesmo assim deixo aqui uma possível resposta às perguntas colocadas:

* Os principais problemas de Lisboa requerem uma "solução verde" ?

Muitos dos problemas de Lisboa são ambientais portanto eu digo: finalmente temos uma candidatura que coloca o ambiente como prioridade!

* Uma solução socialista para Lisboa não tem como parte integrante e inseparável uma solução eco-socialista?

Claro, por isso é que a candidatura do Sá Fernandes é ecologista E socialista.

* Quando é que os aderentes e militantes do Bloco, em Lisboa, discutiram o tal "Plano Verde" imaginado por Ribeiro Teles?

Não sei, não sou de Lisboa. É sempre perigoso especularmos sobre realidades que desconhecemos.

* Em que parte do empenho autarquico de Sá Fernandes é que entra o contributo de esquerda e socialista do Bloco de Esquerda para a resolução dos problemas da cidade? Ou será que a direcção do Bloco, considera que isso de socialismo "não é para já" ou não cabe no ambito de um movimento como o "Lisboa é gente"?

O contributo socialista entra quando Sá Fernandes defende os mais desfavorecidos e combate a corrupção. No caso da Fundação D. Pedro V, no caso da Bragaparques, no caso do Túnel do Marquês, o que vemos é uma resposta socialista a uma política autárquica baseada na especulação imobiliária e na marginalização dos mais pobres.

* Quando é que veremos José Sá Fernandes a defender a contribuição socialista que recebe do Bloco, com a mesma convicção que defende as respostas "verdes" ?

Já vimos, como afirmei na resposta anterior.

Uma nota final: defender princípios ecológicos não é "engavetar o socialismo". Surpreende-me pela negativa este laivo de ortodoxia da parte de quem não quer reeditar "fórmulas que a História já arquivou ou mandou às urtigas". Como já defendi anteriormente (http://bloco2007.blogspot.com/2007/05/esquerda-moderna-ecologista.html) a esquerda moderna é ecologista.

OBJECTIVO: SOCIALISMO! disse...

Caro Ricardo, i.e.Kandimba,

Obrigado pelo teu comentário. É bom que possa haver debate a partir do que se vai publicando nestes blogues. Neste é possível debater, noutros, como o da Moção A (afecta aos camaradas da direcção do Bloco), já não é possível...

Também não sou da direcção do Bloco, nunca fui. Sou apenas um militante interessado em manter o BE fiel ao seu projecto originário e fundacional: um partido-movimento de esquerda socialista constituído e construído por militantes e correntes profundamente empenhados na participação activa nos movimentos sociais para a constituição de um alternativa socialista.

A critica à "Lista Verde" de Sá Fernandes procura ser uma crítica construtiva de um militante do BE que vê na constituição dessa
Lista e nas sucessivas afirmações que são produzidas pelo seu número um, muito pouco que seja parecido com um projecto autarquico que se diferencie das outras candidaturas pela sua vertente socialista, de iniciativa cidadã, municipalista, eco-critica e não só ambientalista.

Tenho respeito pelo trabalho produzido por Ribeiro Teles. Mas em nome desse respeito, também devo dizer que a sua perspectiva ambientalista não é semelhante à que eu defendo e que é eco-soclaista. I.e., os problemas ambientais pressupõe uma critica anti-capitalista aos fundamentos e organização de uma sociedade que não é reformável, nomeadamente para as questões ecológicas e ambientais. Por exemplo, há pontos positivos no recente filme e livro de Al Gore, mas daí a considerar a sua mensagem como a base para uma mudança socialista ... vai um grande espaço comparável a um abismo!

As questões ambientais não são uma moda. Para um socialista devem ser parte integrante do seu projecto de mudança social e económica. É claro que, à esquerda, existem muitas correntes que históricamente passaram ao lado das questões ecológicas, nomeadamente quando associavam o "socialismo" a imensas cinturas industrais cheias de operários mas sem qualquer rigor para a preservação do ambiente.

Para um socialista, as questões ambientais não são para serem resolvidas por técnicos. Os técnicos são importantes, mas a participação das pessoas, dos cidadãos, é imprescindivel.

Passando novamente à "Lista Verde" apoiada pelo BE, confesso (posso estar errado!) que não conheço de Sá Fernandes qualquer declaração, reflexão ou pensamento que possa ser considerado socialista. Seria interessante ver o que é que o próprio pensa disso que dá pelo nome de socialismo ...

A minha critica A PROPÓSITO de Lisboa, é precisamente isso: analisar o que se passa em Lisboa e reflectir sobre o que tem acontecido no BE quanto à questão da intervenção nas autarquias!

Não basta falar a favor dos pobres (todos os partidos o fazem...), não basta criticar a especulação imobilíária (veja-se o que fez, no Porto, o ex-vice de Rui Rio, Paulo Morais ...), não basta isso para se ser socialista ... até porque Sá Fernandes nunca disse que o era!

A minha critica à "Lista Verde" não tem a ver com a convergência entre pessoas com ideias e opiniões diferentes ... Não! Tem a ver é com o receio de ver esse somatório de diferenças dar polticamente um NADA!

Aceita as minhas saudações fraternas,
João Pedro Freire

Ricardo S. Coelho disse...

Agora já acho que nos entendemos melhor. Concordo perfeitamente nas críticas que fazes ao ambientalismo retrógrado de Ribeiro Telles e à hipocrisia de Al Gore. Tive as minhas reservas portanto quanto à introdução do primeiro numa lista apoiada pelo BE. Mas acho que o balanço final foi muito positivo e o Bloco só tem a ganhar com a adopção das ideias dele em relação a Lisboa. Não nos esqueçamos que foi Ribeiro Telles quem fez um plano verde para Lisboa, já há muito tempo atrás. Se estivéssemos a falar em convidá-lo para ministro do ambiente num governo liderado pelo BE eu seria claramente contra mas neste caso acho que as convergências serão maiores que as divergências.
De qualquer forma, acho que o passado demonstra-nos que esta "salada de fruta" que resulta da candidatura de Sá Fernandes em nada diverge dos objectivos gerais do BE. Por isso é que todas as moções fazem um balanço positivo da mesma.
PS: claro que não basta criticar a especulação imobiliária e a corrupção para ser socialista. O que marca a diferença é passar das palavras aos actos. Sá Fernandes recusou ser corrompido e deitou abaixo a máfia que governava a câmara. Rui Rio quer-nos fazer crer que a recuperação do centro do Porto se fará em cooperação com os especuladores. Aí está a diferença. Não interessa discutir rótulos, discutamos antes políticas e medidas concretas.

Ricardo Coelho

Esquerda Comunista disse...

Balanço da Greve Geral

Apesar da precaridade que já afectará quase 1 milhão de trabalhadores, apesar do “sindicalismo” amarelo da UGT, apesar das ameaças, da opressão nas empresas, dos “serviços mínimos” que o governo impõe, a Greve Geral foi mesmo para a frente, paralisando inúmeras empresas e serviços do Estado!

Ao contrário da propaganda do governo e dos patrões, a Greve Geral mostrou o descontentamento profundo que grassa entre a classe trabalhadora portuguesa, mas não a unificou numa jornada de luta que mostrasse a todos, sobretudo a si própria, toda a sua força potencial. Apesar do seu carácter nacional, apesar de ter envolvido muitas centenas de milhar de trabalhadores, apenas tivemos meia-vitória: não foi possível paralisar o país.

A precaridade e o medo são obstáculos sérios… Mas temos de procurar outras razões que expliquem esta nossa meia-vitória, ou arriscamo-nos a nunca vir a ganhar o jogo, pois a precaridade, o medo, as pressões e os “serviços mínimos” estarão novamente presentes quando nova Greve Geral for convocada…


Porque tivemos uma meia-vitória? Não haverá descontentamento suficiente na sociedade portuguesa? Claro que sim, mas esse descontentamento deveria ter sido mobilizado em torno dum programa reivindicativo concreto e não foi isso que sucedeu.

Apelou-se à participação dos trabalhadores com um vago apelo à “mudança de rumo” nas políticas do governo. Logo aí, apesar do desgoverno a que temos estado sujeitos, a Greve Geral apresentava-se como uma greve contra o governo socialista. – e foi assim que muitos trabalhadores socialistas a encararam e dela se descartaram por não vislumbrarem alternativas ao actual estado de coisas…

Com efeito, exigir uma “mudança de rumo” ao nível da governação, deveria pressupor uma alternativa concreta, mas… onde está ela? Na verdade, nenhuma alternativa concreta, palpável, de esquerda existe ao actual governo.

O Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda, desavindos, sem serem capazes, sequer, de convergir na luta contra as políticas pró-capitalistas deste governo PS não podem ser considerados como uma “alternativa” ao actual governo.

Não apenas pela menor expressão que têm – e deveriam os seus dirigentes reflectir sobre isto, sobre o extraordinário facto de que numa situação de grave crise económica e social, não serem capazes de serem um sério pólo de atracção ao descontentamento que existe -, mas sobretudo porque não têm uma real alternativa programática ao actual estado de coisas: uma alternativa socialista.

Não é preciso ser um guru na economia para compreender que, se aumentarmos os salários, a inflação subirá com eles; se reduzirmos a jornada laboral, os capitalistas não vão investir; se aumentarmos as verbas para as funções sociais do Estado, teremos de cobrar realmente os impostos aos capitalistas…. Mas assim, os capitais fugiriam do país! Se acabarmos com a flexibilidade e a precarização, as empresas vão para a Polónia, se… Mas é necessário continuar?

Qualquer trabalhador percebe os limites que o capitalismo impõe, ora, precisamente por isso, é que se torna imperioso justapor uma alternativa socialista que garanta a subida dos salários e pensões, o aumento dos gastos sociais do Estado, a redução da jornada laboral, o fim da precaridade, o pleno emprego, etc. com aquelas medidas que podem – e só elas podem – garantir a concretização dessas reformas que as massas anseiam: a nacionalização da banca, do sistema financeiro, das grandes empresas e indústrias sob controle dos trabalhadores. Só assim se poderá gerir democraticamente a economia pelos e para os trabalhadores. Só assim se construirá um programa de transição para o socialismo.

Muitos dirão que “as massas não estão preparadas para esse tipo de ideias”. Todavia… Se os activistas mais conscientes não fizerem uma propaganda activa das ideias mais avançadas, como é que estas se formarão no cérebro dos trabalhadores? Espontaneamente? Bom… não somos anarquistas, pois não?

Depois – e sobretudo - as nacionalizações não são “ideias bonitas” que possam ser agendadas para as calendas gregas. Pelo contrário, são propostas que emergem da própria luta!

Quando uma multinacional ameaça em deslocalizar uma empresa, não fará sentido exigir a sua nacionalização sob controlo operário? Se quisermos resolver o problema da Habitação, não deveremos municipalizar o solo urbano e expropriar as empresas de construção civil para construir casas baratas e não edificar grandes lucros para os “pato-bravos”? Fará sentido deixar à “iniciativa privada” a agiotagem bancária quando as instituições de crédito deveriam servir o desenvolvimento económico e social do país? Seria assim tão difícil aos trabalhadores compreenderem que a propriedade privada no sector gasolineiro e petrolífero apenas engorda as contas bancários dos seus proprietários à custa dos preços altos da gasolina? Etc., etc., etc.

A maior das utopias não é reclamar a mudança radical, mas continuar a pensar que no seio do capitalismo, sem acabar com a propriedade privada dos grandes meios de produção e o mal chamado sistema de “livre concorrência” (como se os monopólios tudo não decidissem…), possam ser realizadas mudanças que satisfaçam efectivamente as necessidades das massas.

Significa isso que não se deve lutar por reformas? Claro que não! Devemos lutar por todas as conquistas possíveis para a classe trabalhadora, por todas as pequenas vitórias dentro do capitalismo, mas devemos também sempre, sem ocultar os nossos propósitos e fins – como insistiam Marx e Engels no Manifesto – explicar aos trabalhadores e à juventude que nenhuma conquista será irreversível e segura sem a aplicação de outras medidas que garantam a transição para o socialismo.

sobre o Sá Fernandes, só me apetece citar os cartazes de campanha que dizem "O Zé faz falta" e comentar que atingimos o "grau zero da política" - como gosta de dizer o Francisco Louçã.

Todavia e num gesto de boa vontade, estou disponível para contribuir com um moedinha para o Santo António, para o andor e para a subscrição do pedido de beatificação dos magníficos 11 acessores pagos a preço de ouro

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