O custo social da crise na Europa é intolerável, acrescido a níveis até há pouco inimagináveis com os milhões de imigrantes excluídos da condição de cidadãos. Apesar do "não" ao Tratado Constitucional, a actual presidência alemã da União Europeia recuperou o documento, vestindo-lhe, no entanto, uma nova "roupagem". O Bloco deverá continuar a bater-se por uma Constituição que nasça de um amplo debate democrático e por um projecto europeu de pleno emprego e direitos sociais.
(TESE 3 da Moção D à V Convenção Nacional do Bloco de Esquerda)
sábado, 14 de abril de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
PELA UNIDADE DA ESQUERDA ANTI-CAPITALISTA!
A burguesia mostra-se incapaz de, no quadro mundial da divisão social do trabalho, proporcionar aos trabalhadores portugueses outra coisa que não seja contínua e agravada exploração; mostra-se incapaz de desenvolver e modernizar o país. Não é por acaso, idiotice ou malvadez que o ministro da economia vai a Pequim apelar ao investimento chinês em Portugal com o argumento de que temos os mais baixos salários da Europa!
Só a classe trabalhadora, organizada e armada com um programa de transição para o socialismo, pode solucionar a crise actual. Superemos, portanto, o sectarismo, construindo a união da esquerda anti-capitalista: Lutemos pela unidade entre comunistas e bloquistas, como o primeiro passo para reunir todo o campo da esquerda em torno dum programa que sirva os interesses da classe trabalhadora.
Onde estão as diferenças irreconciliáveis entre o programa do Bloco de Esquerda e as propostas do PCP? Não estão em parte nenhuma! O pouco que nos separa é infinitamente menor do que tudo o mais que nos une. Os nossos partidos não foram construídos para defenderem ou disputarem coutadas eleitorais, arrebanhar mais votos e eleger outros tantos deputados. Os nossos partidos são a expressão política do esforço da classe trabalhadora para conquistar a sua emancipação.
Aceitaria o PCP tal aliança? A Direcção do PCP receia, acima de tudo, que a sua base social de apoio seja “contaminada” pelas ideias do Bloco. Por isso mesmo, porém, mais premente se torna formular essa proposta de frente única eleitoral, pois tal recusa exporia aos olhos da base comunista o sectarismo e conservadorismo da sua Direcção.
Ao longo das últimas décadas, entre os militantes e simpatizantes do PCP, contam-se a maioria dos mais abnegados activistas do movimento sindical e popular. É impossível ao Bloco ganhar raízes na classe trabalhadora – quanto mais dirigir um processo de transformação revolucionária no nosso país – sem conseguir ganhar a base social de apoio do PCP e os milhares de militantes que têm, ainda que com um programa e as perspectivas erradas, animado e dirigido o combate popular.
Significaria tal aliança a diluição do Bloco numa frente unitária? Não! Mil vezes não!
Mantendo-se intactas as estruturas dos dois partidos e incidindo o acordo numa base programática de – digamos - 30 medidas de emergência para resolver a crise e mobilizar a classe trabalhadora e o povo, restaria ainda todo um largo campo de acção que permitiria a ambos os partidos apresentarem-se tal como são, com as suas identidades próprias.
Pelo contrário, propor à direcção do PCP – e também à direcção da CGTP – uma plataforma comum de luta com base em medidas concretas não representaria uma diluição do Bloco mas a possibilidade de influenciar e conquistar esse sector da vanguarda operária e popular.
O que não é aceitável é que a lógica de afirmação e crescimento partidário se sobreponha aos interesses gerais da classe: É do interesse da classe trabalhadora a unidade de bloquistas e comunistas em torno dum programa mobilizador que trave, agora, a ofensiva patronal e as medidas deste governo para, depois, impedir nova maioria absoluta do PS.
Da unidade forjada na luta se fará um programa político para as eleições legislativas de 2009: Lutemos pela aliança BE-PCP nas legislativas de 2009 baseada num programa de classe que se proponha a defender no parlamento e, sobretudo, a mobilizar nas empresas, nas indústrias, nas escolas e nas ruas uma alternativa socialista para Portugal. Isso sim, seria um salto qualitativo na organização, unidade e consciência da nossa classe, ganhando para a luta militante milhares de jovens e trabalhadores que aspiram a uma vida melhor.
Os lugares e o protagonismo são o que menos importa. Atire-se uma moeda ao ar: Se sair caras, seja Louçã o primeiro da lista, se sair coroas seja Jerónimo! O que importa são as propostas. Discutamos da base ao topo, do mais modesto militante ao mais responsabilizado dirigente, o programa político que queremos propor aos trabalhadores e ao povo! Levemos essa discussão a todo o país.
Pelo pleno emprego! Pela abolição do Pacote Laboral e o fim da precaridade! Pela redução imediata da jornada laboral para as 35 horas! Por aumentos visíveis dos salários!
Pela escola pública, de qualidade e universal! Pela salvaguarda do Serviço Nacional de Saúde! Pela Segurança Social pública e o direito às reformas! Pelo direito à Habitação!
Para tal, para ser possível uma vida decente para todos, é necessário nacionalizar (sem compensações, excepto para os pequenos accionistas) a Banca, o sistema financeiro, os monopólios e as grandes empresas sob controlo dos trabalhadores: A economia deve ser democraticamente gerida e posta ao serviço da população.
Que Portugal se transforme num exemplo para os explorados da Europa, tal como a revolução Venezuelana está sendo uma referência para a América Latina. Contra a Europa dos patrões propomos a unidade dos trabalhadores numa Federação Socialista dos povos da Europa.
Saúde e Fraternidade,
Rui Faustino
Caro Faustino
Já estás há algum tempo à espera de resposta/comentário, mas as aparentes minudências da vida diária nem sempre possibilitam a disponibilidade que todos gostaríamos.
Desculpas apresentadas pelo atraso aqui ficam algumas considerações, estando apenas mandatado pela minha consciência.
De acordo com o que vivi, aprendi e vi, e no meio político em que cresci, não há grande espaço para “unidade entre comunistas e bloquistas” nos termos em que falas, como, de resto, nunca houve no nosso passado recente (penso, sobretudo, de 1974 para cá). Poderão ocorrer alianças de circunstância, poderás constatar alguma unidade numa ou noutra acção concreta, nada mais.
O tempo deixou perceber que a “união da esquerda”, seja lá isso o que for, com o que hoje é sabido, torna-se impossível de acontecer, desde logo porque há divergências políticas insanáveis, irresolúveis e insanáveis. E, para o perceberes melhor, só terás de ler com atenção os documentos fundamentais de cada uma das organizações.
É evidente que PCP e Bloco de Esquerda não foram “construídos para defenderem ou disputarem coutadas eleitorais, arrebanhar votos e eleger outros tantos deputados”. É evidente que “os nossos partidos são expressão política” de qualquer coisa, o esforço dos trabalhadores, as movimentações sociais, etc., etc., mas o facto de, aparentemente, existirem pontos de referência semelhantes não significa, por si só, que façamos a “união da esquerda”.
Desde logo porque a direcção política do PCP é conservadora, muito mais conservadora e sectária do que parece quereres sugerir. Os episódios mais recentes, relativos à necessidade de controlo da orientação da CGTP, são elucidativos. Portanto, a Direcção do PCP não tem receio de ser “contaminada” pelas ideias do Bloco, tem apenas vontade de controlar tudo o que mexa à esquerda do PS. O que é substancialmente diferente. Seria, de resto, interessante conhecer a resposta que o PCP te possa ter dado a proposta de semelhante teor…
É incontornável e inquestionável o papel determinante dos militantes e simpatizantes do PCP nos movimentos sindical, social e cívico, que fique claro, mas isso não outorga ao PCP, como que por direito divino, qualquer estatuto de desígnio superior. Nem o Bloco de Esquerda pretende, digo eu, ser o ponto-luz do Sol Nascente…
Se historicamente as duas organizações têm o seu caminho próprio, autónomo, e o seu papel histórico – tal como outras tiveram e continuarão a ter –, o que está em causa, neste momento, não é uma “frente unitária” entre PCP e Bloco de Esquerda! Não. O importante é dar substância (política e crítica) a uma maioria social de Esquerda que trave o avanço liberalista e capitalista em Portugal.
Nisso eu acredito, com a mesma convicção com que não acredito na Venezuela de Chavéz como uma referência revolucionária para a América Latina…
Um abraço fraterno
Percebo os teus pontos de vista. Tenho consciência que mais facilmente o inferno congela do que o PCP aceita alianças com as outras esquerdas.
De resto, apenas durante o PREC e por dois ou três dias, foi possível estabelecer essa unidade: a célebre FUR (Frente de Unidade Revolucionária). E bem sabemos como no fim da 1ª manif, a coisa se partiu...
De qualquer maneira, mesmo sendo uma tarefa quase impossível, não podes perder de vista o valor propagandístico de tal proposta!
Precisamente, eu adoraria ouvir ao Jerónimo explicar as razões para não aceitar este repto! Seguramente que o seu papel sectário e conservador ficaria exposto aos olhos de muita gente honesta que vota no partido comunista.
Por fim e sobre a Venezuela... Dava pano para mangas, por isso convido-te (e a todos os camaradas)a, no dia 28 de Abril, pelas 18 horas, dares 1 pulo até à Biblioteca-Museu República e Resistência na Rua Alberto de Sousa, nº10 (em Lisboa) para asssitires a uma sessão de esclarecimento sobre a situação política na Venezuela com projecção de filmes sobre as eleições, fábricas ocupadas, o processo da reforma agrária, etc.
Saúde e Fraternidade,
Rui Faustino
Postar um comentário