José Sócrates diz-se "socialista" (do tipo versão "moderna" ...), José Estaline afirmava-se "socialista", Fidel Castro também se diz "socialista", tal como Hugo Chavez, tal como a actual Presidente do Chile, tal como os dirigentes da China, ... , com tantos "socialismos" há, pelo menos, três saídas: ou se deixa cair o "socialismo" como objectivo, como alternativa, como programa ou se fazem declarações de fé em qualquer um dos referidos "socialismos" ou então procura-se a sistematização de uma reflexão sobre que socialismo para a realidade do século XXI.
Não há "o" socialismo. Mas o socialismo continua a ser a alternativa ao liberalismo/capitalismo e a todos os desvios totalitários que a História regista.
O socialismo tem de resultar da convergência da experiência de diferentes correntes e contributos. O socialismo não é exclusivo desta ou daquela corrente. As tentativas de imposição de exclusivismos deram em negações do socialismo. O socialismo precisa de democracia como o corpo humano precisa de oxigénio!
O socialismo é uma alternativa global ao capitalismo e às ideologias totalitárias. No plano económico, não se contenta com uma tal "economia social de mercado" que mais não é que a continuação da economia de mercado, i.e. o liberalismo/capitalismo. A planificação democrática da economia com o controlo dos trabalhadores, nomeadamente nas suas vertentes de consumidores e contribuintes, é uma exigência do socialismo para uma ruptura com a tal economia de mercado. A total liberdade de criação, o pluralismo social e político (que não tem de ser exclusivamente partidário!), o anti-autoritarismo, o fomento da participação social a todos os níveis, a busca de uma alternativa ao parlamentarismo das democracias liberais, é um dos outros vectores do socialismo.
O socialismo para o século XXI, o século da globalização, tem uma oportunidade para se assumir como alternativa internacional e não só nacional. Se noutros momentos da História a tentativa de construção do "socialismo num só país" foi desastrosa e degenerou em experiências monstruosas, no século XXI a incapacidade de se construir uma alternativa socialista internacional terá igualmente consequências bárbaras para a Humanidade. Há experências de "Internacionais" que devem ser reanalisadas mas não repetidas. Há também uma experência recente dos Fóruns Sociais Mundiais que mobilizam mas nada produzem de alternativo. Dir-se-ia que culturalmente as principais correntes das esquerdas continuam a ser um dos principais obstáculos à criação e organização de uma alternativa socialista internacional para os desafios do século XXI.
Seria um passo importante que Marx e Bakunine se pudessem sentar, em pleno século XXI, à mesma mesa, para relançaram uma "Associação Internacional de Trabalhadores" adaptada e apta a responder alternativamente ao mundo global dos nossos dias. Nessa mesa estaria uma multitude de experiências, mas a porta teria de estar fechada aos que se assumem, sem o dizer, como herdeiros dos piores totalitarismos, liberais ou não.
O socialismo precisa de ser pensado, não para o anular ou descaraterizar, mas para o apetrechar para o nosso tempo e o nosso Mundo. Nunca esquecendo que nessa reflexão, os trabalhadores e os novos sectores sociais oprimidos e marginalizados pelo liberalismo, têm de ocupar a parte determinante para o resultado seja eficaz e alternativo!
João Pedro Freire
Matosinhos/ militante 147
sexta-feira, 20 de abril de 2007
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4 comentários:
Ccomeçaria pelo seguinte:
O Bloco não pertence apenas aos seus militantes.
O bloco é o resultado de mais de 30 anos de movimentos e luta protagonizados por milhares de activistas da chamada esquerda-radical.
O Bloco é património e herança dessa luta em que tantos participaram, mesmo daqueles que hoje não estão connosco como é o caso do José Mário Branco.
No passado, a esquerda radical tentou construir essa unidade como foram os casos da FUR, dos GDUPs ou da FUP. Hoje temos o Bloco e o bloco é a expressão orgânica dessa tradição de luta: não é coutada de ninguém!
Não é possível ignorar, nem seria justo deixar de salientar, o papel que os principais dirigentes bloquistas tiveram ao fundar o Bloco e a construí-lo.
Onde estaria o Bloco sem as qualidades pessoais e sem o empenhamento directo de camaradas como F. Louçã, Fernando Rosas ou Luís Fazenda?
Não é nada disso que está (ou deverá) estar em causa: a César o que é de César.
Todavia, ninguém está acima da crítica. E o que está em causa não são os excelentes resultados eleitorais e a projecção política que o Bloco atingiu, mas o que se questiona é aquilo que o Bloco poderia e deveria ser, mas não é.
Se medirmos o sucesso do nosso partido pelos eleitos que temos e os votos que arrebanhamos, então o Bloco é a 8ª maravilha do mundo, pois em 8 anos subiu, subiu, subiu.
Se medissemos o sucesso, a justeza e correcção da linha política dum partido apenas pelos seus resultados eleitorais... então o PS do Sócrates que venceu as últimas eleições legislativas era o melhor partido do mundo! Pois nenhum outro conseguiu tantos votos ou crescimento tão acentuado como o PS...
Mas voltando ao Bloco, para o povo, para a luta que é necessário travar contra o capitalismo, que significam todos esses triunfos?
As várias moções afirmam que o Bloco "mudou o panorama político".
E no que é que se baseiam? Nos 8 deputados? na eleição do Sá Fernandes para vereador?
Por acaso e salvo as honrosas excepções do Aborto e da paridade, nestes 8 anos não temos assistido à mudança para pior no panorama político português? Não assistimos à deterioração das condições de vida das classes trabalhadoras? Não temos observado a degradação e liquidação dos serviços públicos e do pouco Estado social que tinhamos como resultado da luta operária e popular dos anos 70? Acaso não se agravam as injustiças e a descrença?
Onde estão essas grande mudanças no panorama político? Num grupo parlamentar de 8 deputados?
Onde estão esses saltos qualitativos na organização dos trabalhadores e da juventude? Onde está esse movimento estudantil impulsionado pelo Bloco? Onde está essa regeneração sindical animada por nós? Onde param as mudanças na resistência popular à ofensiva da burguesia portuguesa?
E, sobretudo, que passos foram dados, para que tal sucedesse?
Todavia, apresentar moções e listas à mesa nacional de 2 em 2 anos, não basta!
Da mesma forma que, pelos vistos, os "ambientalistas", os "pós-modernos" e os "ex-quase tudo" estão sem complexos, bem presentes no Bloco, necessário se torna que aqueles que querem projectar uma identidade operária, marxista e revolucionária ao partido se organizem também e travem esse combate no seu seio.
Esse sim é a grande tarefa que os marxistas têm no Bloco: organizar uma tendência comunista no partido.
Grupos com fartura temos nós no Bloco: APSR, UDP, Política XXI, Ruptura/FER e - provavelmente - dentro em breve Renovação "Comunista".
Não se trata criar mais do mesmo!
Do que se trata é dos marxistas se assumirem como são expondo as suas ideias não apenas 2 meses antes das Convenções, mas durante os 2 anos que as intervalam. Do que se trata é de recuperar a nossa tradição e de resgatar o nosso partido. Do que se trata para os marxistas e revolucionários dentro do Bloco... é "Começar de Novo"!
Adiar esse combate significa perder o partido que ambicionámos ter quando aderimos ao BE.
Viva Lenine!
Rui Faustino
Caro Rui Faustino,
Como já escrevi, és benvindo ao debate através da Moção D. Afinal o debate é essencial, até vital, para se conseguir um Bloco mais empenhado com a transformação social e a perder menos tempo com os jogos parlamentares.
Debate é coisa que não existido no Bloco no período entre Convenções. à medida que a parlamentarização do Bloco aumenta, menos debate é promovido sobre todas as questões que interessam à transformação socialista da sociedade, nacional e internacionalmente.
Com dizes, o debate não se pode restringir à apresentação de Moções nos momentos das Convenções Nacionais. É preciso muito mais: debate e debate ligado à intervenção social!
O Bloco de Esquerda é hoje uma realidade que foi construída por todas e todos quantos passaram pelas suas estruturas e orgãos. Sem excepção!
Pessoalmente estou comprometido com uma militância pela afirmação inequívoca de Bloco de Esquerda com orientação e prática socialistas.
Não me agrada, por outro lado, que o Bloco vá reeditando os tiques dos partidos seduzidos com a democracia burguesa: a fulanização, os protagonismos mediáticos de meia dúzia e o esquecimento do contributos de TODAS e TODOS os militantes.
Sinceramente não acredito que o Bloco seja o resultado das "qualidades pessoais" do F.Louçã, do F.Rosas e do L.Fazenda. O Bloco é o resultado, como também disseste, da militãncia de todas e de todos os que por cá passaram. SEM PROTAGONISMOS! Aliás, os citados camaradas já tinham todas as suas qualidades pessoais nos tempos em que, com as suas organizações, nunca lograram atingir os níveis de adesão popular e eleitoral do Bloco.
Caro Rui Faustino,
Por último, a questão de uma "corrente marxista". Como sabes, sou sensível a esta questão. No entanto, devo-te dizer que muito há a fazer antes daabordagem dessa temática.
Aliás, porque razão não submeteste uma Moção com base nas tuas ideias? porque razão, concilias a tua posição de critica política à pratica do Bloco com um apoio, mais ou menos tácito, à Moção A que corporiza a apatia imposta ao Bloco ou então corporiza a eternização de uma "troika" que já devia ter dado o lugar ao livre debate e ao confronto democrático.
Saudações fraternas,
João Pedro Freire
Matosinhos/Militante 147
Camarada João Freire:
a) Eu não apresentei nenhuma moção, porque para fazê-lo seriam necessárias 20 assinaturas e eu só posso assinar... uma vez!
b)Tendo em conta a prática de discussão e trabalho colectivo do BE Lisboa, é impossível a qualquer militante que não esteja associado às correntes tradicionais (PSR/UDP/Política XXI/Ruptura) criar vícnulos de discussão e laços de cumplicidade políticas suficientes com outros camaradas para... criar uma plataforma nova! Pelo menos, não de um dia para o outro.
c) Se apresentei propostas de alteração à Moção A isso deve-se ao facto de que o regulamento da Convenção exige que os militantes individuais o façam a uma das moções em discussão! Das quatro presentes no terreno, apresentei emendas à Moção A por ser politicamente mais revelante ter explicações do F. Louça do que do Gil Garcia ou Helena Carmo.
d) Quando referencio as "qualidades pessoais" dos camaradas citados, fáço-o para destacar o facto de que - objectivamente, para o bem e para o mal - o BE é o que é (nas suas coisas boas e menos boas) em grande medida ao emepenho destes camaradas (e não apenas destes 3, mas do círculo da direcção).
e) Imagino que me tenha expressado mal - problemas resultantes da versão on-line e bloguista da discussão política. Como é evidente, o surgimento e crescimento do Bloco explica-se pela profunda crise que o país vive há já vários anos, pela crise do estalinismo (PCP) e total degradação da identidade socialista do PS. "À natureza aborrece o vazio" dizia Hegel e, naturalmente, algo surgiu na política portuguesa para corporizar um estado /cada vez menos) difuso de revolta e protesto. Só no fim virão as tais "qualidades pessoais" dos dirigentes citados que, de facto, até existem!
f)Quanto ao apoio "mais ou menos tácito" que supostamente presto à actual direcção do Bloco... Só posso argumentar com as próprias emendas que apresentei: "Pela unidade BE-PCP" e "Militância e burocracia". As emendas são eloquentes e não se prestam a confusões - que, de resto, a própria direcção do BE não comete ao "avaliar-me" politicamente.
Saúde e Fraternidade,
rui Faustino
o militante 147 do BE em 2007 é também o militante 3760 do PS em 2004?...
Mantém-se actual a minha proposta de organização de uma Conferência dos Militantes do PS de Matosinhos para se discutirem programas, políticas e medidas concretas que contribuam para uma profunda renovação local do PS e que recoloquem o PS como a primeira força política do Concelho com maioria absoluta na Câmara.
João Pedro Freire
Militante nr.3760
Secção da Senhora da Hora
http://militantesocialista.blogspot.com/2004_09_01_archive.html
Pela minha parte, enquanto militante no Concelho de Matosinhos, manifesto a minha total disponibilidade para debater com todos os militantes propostas concretas para o comcelho. Propostas que dinamizem o PS, que faça de cada militante um sujeito activo com opinião e vontade, propostas que renovem também as ideias que os socialistas devem ter para a Camara de Matosinhos.
Estou disponível para debater com todos os militantes em qualquer secção. Estou disponível para debater com Narciso e com Manuel Seabra, um enquanto militante e Presidente da Camara e o outro como militante Presidente da Concelhia do PS de Matosinhos.
A minha dispobilidade é total até porque o debate aberto, sereno e fraterno é a melhor forma de se encontrarem soluções.
João Pedro Freire
Militante nr.3760
http://militantesocialista.blogspot.com/2004_06_01_archive.html
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